domingo, 23 de setembro de 2012

Era uma vez... algumas velhinhas... 

(em construção)

        Tudo começou quando ouvi a Anna Claudia Ramos fazer a leitura de seu livro ERA UMA VEZ TRÊS VELHINHAS,  na degustação literária do VII Encontro de Literatura Infantil e Juvenil na UFRJ, no início deste mês.

        O livro fala de VIDA de forma sobrenatural, perpassando até pela morte, onde esta não é o fim. Nesta narrativa temos o prazer de nos deliciar com a história de três meninas muito sapecas e cheias de vida, mesmo depois de irem morar no céu.
     Quando ouvi a história, foi transportada para um tempo que não vivi - a experiência de partilhar momentos com meus avós. Não tive uma infância próxima deles, mas confesso que gostaria de ter tido este privilégio. Minha avó materna morreu quando eu tinha apenas 1 ano de idade. Após a sua morte, meu avô, que sempre fora muito ativo, sofreu de um derrame, que o deixara 9 anos de cama, vindo a falecer quando eu tinha 10 anos. Já a família de meu pai é de Pernambuco e meu avô já era falecido quando eu nasci. Já da minha avó paterna, eu sabia o suficiente pra ter muita vontade de conhecê-la. Sabia que meu nome fora uma homenagem que meu pai lhe prestara por ocasião de meu nascimento, e não apenas nome, como também sobrenome. Ela, assim como eu, se chamava JOANA MARIA DA SILVA. Meu pai conseguiu me deixar sem o sobrenome DUARTE da gigantesca família de minha mãe, que eram meus parentes mais próximos. Mas... voltando a minha avó Joana... desde que aprendi a ler e escrever aos seis anos, eu me correspondia com ela através de cartas que enviava para minha tia Fátima, que morava perto dela. Através das correspondências, eu lhe enviava desenhos, fotos, e recebia outros tantos recheados de carinho e afeto. Esta prática permaneceu até por volta dos 10 anos, quando finalmente, minha avó fez o esforço, já idosa, de vir nos visitar. Foi uma alegria ímpar!!! Eu já não era tão criança, e nossa intimidade se limitava às cartas, mas como foi bom. Acho que passou-se mais uns três anos e ela veio a falecer.


        Ao comprar o livro pra escola no evento, aproveitei para pegar o autógrafo da autora, bem como fotografar com ela, a fim de fomentar nos alunos na sala de leitura, o apreço para com o autor, enquanto pessoa.

O autógrafo...

Momento Tiete...
        Enquanto mediadora da leitura, não via a hora de apresentar o livro aos meus alunos.... Nesta semana, deparei-me com o momento propício... Uma das professoras “fundadoras” de nossa escola perdeu seu esposo, o Sr. Enéias, que aos 56 anos “partiu da Terra sem pedir licença”. Ficamos deveras entristecidos. Era um homem íntegro. Construiu uma linda família, composta de esposa e filha. Realizou vários sonhos, que dentre tantos cito o casamento de Jaqueline, sua filha, com Alexandre, que veio a se tornar o filho homem que o casal não gerou.  Neste dia a escola não funcionou. No velório em questão o que mais me chamou atenção foi a fala do Alexandre, genro do falecido: “O sonho de Seu Enéias era ser avô. Se nós soubéssemos, não teríamos esperado tanto.”
No dia seguinte ao retomar as atividades da escola, os alunos queriam saber sobre o ocorrido, queriam detalhes. Eu, enquanto incentivadora da leitura, não via melhor momento para ler para eles a “História das três velhinhas” e aproveitar para despertar neles o interesse em escrever para aquelas/aqueles, que nutrem por eles um amor sem medidas. Dizem as avós, que ser vó é melhor que ser mãe. Ainda não posso comprovar esta hipótese, já que sou “apenas” mãe de minha linda Júlia Morena, que ainda tem 4 aninhos.
Mas... voltando ao nosso momento literário.... As crianças ficaram fascinadas pela história. A autora, a Anna Claudia, já havia comentado em mesa-redonda no VII Encontro de Literatura Infantil e Juvenil na UFRJ, que os leitores não identificam o tema da morte em seu livro. No momento de sua fala, eu fiquei me questionando, visto que as crianças são muito espertas, sacam tudo logo de primeira, mas devo dizer, é a mais absoluta verdade – as crianças se encantam mesmo é pela vida que transborda dessas três velhinhas sapecas. E olha que eu voltava à frase “partiram da Terra sem pedirem licença...”, mostrava a imagem do céu, e em momento algum, os alunos atribuíram estas imagens à morte.
Fiquei deveras encantada também com o nosso segundo momento na sala de leitura, quando propus aos alunos que pusessem no papel os seus sentimentos em relação as suas avós, escrevendo-lhes uma carta. Claro que eu aproveitei para contar-lhes sobre a história da minha vida, das minhas correspondências com minha avó que eu nem conhecia... e o sesultado foi mega-super-master: